quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ainda sobre "Passione"

>
Uma matéria postada no website abril.com deu conta da polêmica envolvendo - mais uma vez - a citação indevida da profissão de relações-públicas, desta vez na telenovela "Passione", de Silvio de Abreu.

Muitos comentários de profissionais de todo o Brasil engrossaram o repúdio a esse desserviço, a essa desinformação.

Entre tais comentários acham-se, ainda, aquelas opiniões que confundem o papel de um Conselho Profissional com o de um sindicato ou associação privada.

Para esclarecer esse tipo de questão, a Secretaria-Geral do CONRERP/1a. Região manifestou-se, nesta data, no mesmo espaço (embora já censurada pelo site *), como segue:

Quem deve promover e defender a nossa profissão? Todos e cada um de nós, relações-públicas. Somos minoria? Isto é reflexo de nossa sociedade, que ainda demanda pouco a cidadania corporativa, conceito explicitado por Bertrand Canfield já em 1950. Esta realidade vai mudar? Sim, um país que se quer quinta economia do mundo não pode prescindir de boas relações públicas.

Conselhos profissionais não têm como missão divulgar o que quer que seja – a não ser, educativamente, a sua própria missão: regulamentar e fiscalizar profissões. Conselhos profissionais também não têm como missão proteger ou promover profissões. Estas são missões de sindicatos e associações.

Quando há má conduta médica, recorremos ao CRM. O mau advogado – quem o pune pelos desvios? A OAB (apesar do nome diferente, um conselho federal com suas representações regionais). O viaduto desabou? Queixemo-nos ao CREA. Há, sempre, no caso de profissões regulamentadas, responsabilidade em jogo.

Conselhos profissionais existem para proteger a cidadania do mau exercício profissional na área em que atuam. E, também, para coibir o uso indevido da imagem e da denominação profissional – como aconteceu neste caso da telenovela “Passione”.

E quando sentimos que a comunicação feita por uma organização nos engana, nos ilude, nos induz a erro? E quando uma concessionária de serviço público simplesmente nega os fatos? E quando um órgão de governo divulga metas inatingíveis? Para finalizar: e quando uma organização sonega informação a seus acionistas e investidores, tornando-se não-transparente? Esses são casos para o CONRERP. A essas organizações será cobrado: – quem é o responsável pela sua comunicação institucional? Provavelmente, nos casos acima, não deve ser um relações-públicas, pelo menos um relações-públicas bem formado. É aí que entra em jogo o Conselho Profissional, notificando a organização, e punindo, se for o caso.


Para cumprir sua missão precípua de fiscalização, os Conselhos Profissionais contam com as anuidades de profissionais e organizações registrados, mas tal fonte nem sempre é suficiente para o cumprimento ideal desse mister. A campanha pelo registro é atividade permanente. Conselheiros são eleitos para mandatos de três anos (são quatorze no caso do CONRERP) e nada recebem a título de remuneração ou “jeton” pela participação nas reuniões, que são duas a cada mês.

E o Conselho Federal? Como definido constitucionalmente, atua em segunda instância, a pedido de um Conselho Regional – e compõe-se de colegas de todo o Brasil que não ficam em Brasília “full time”. Estão em seus estados, trabalhando. Dedicam-se voluntariamente também, organizando e integrando o Sistema CONFERP.

*
(Nota postada no website abril.com em 30/06/2010 às 19: 50 h)

Ainda que tenha sido alvissareiro - e fundamental -, que um concorrente das Organizações Globo (no caso, este Grupo Abril) - houvesse dado publicidade à querela Silvio de Abreu VERSUS Sistema CONFERP neste caso, resta lamentável a censura aplicada à manifestação formal do Conselho neste mesmo espaço, consignada hoje, e hoje mesmo retirada.

As organizações que postulam liberdade de expressão para si, mas que não a toleram em relação a outrem, prestam outro desserviço à sociedade. Tão ou mais grave que aquele a que deram guarida, fazendo a satisfação momentânea dos errepês. Manoel Marcondes Neto.
>

2 comentários:

  1. Nós nunca seremos respeitados? Parece provocação, mas esta semana, no remake da novela Ti Ti Ti, o personagem de Murilo Benício sugeriu a profissão de Relações Públicas para um amigo... Isso não vai acabar?! Parece que quanto mais falamos, mais somos provocados! A Tv Globo está estimulando o exercício ilegal da profissão.
    Precisamos fazer alguma coisa!
    Adriana Rodrigues

    ResponderExcluir
  2. Cara Adriana,
    Parece uma sina - e é.
    A propósito: hoje, domingo, por motivo de pesquisa acadêmica, tive que acompanhar a programação da TV aberta brasileira de 12 às 20 horas.
    É difícil imaginar que cidadãos (hoje crianças e adolescentes) teremos daqui há dez anos com o lixo eletrônico jogado ao léo sob concessão pública do Estado e sob o patrocínio das maiores empresas-anunciantes do Brasil.
    Pergunto-me se algumas personalidades empresariais brasileiras - que não cito, mas que todos sabemos quem são - permitem que seus filhos e netos aculturem-se diante da nossa TV nas tardes dominicais.
    Infelizmente as telenovelas são parte do pastiche diário (e retrato da realidade brasileira, dizem os estudiosos do gênero) e houve quem tenha escrito ao Conselho reclamando de nossa manifestação referente ao caso de "Passione". É.
    São os ossos do ofício numa sociedade complexa.
    Há os que defenderam "deixem que falem mal, mas que falem de relações públicas, mesmo que ofensivamente".
    Outros escreveram "será que um Conselho não tem outra coisa para fazer?".
    Temos que prosseguir. Defendendo a nossa área e mantendo a nossa fleugma.
    Este caso por você mencionado ainda não foi discutido no nosso Conselho.
    Acredite e confie. Se for julgada pertinente pelo coletivo (aqui ninguém toma decisões autocráticas) a nossa manifestação, ela será encaminhada da melhor maneira possível.
    Grato pela sua atenta observação e saudações públicas e relacionais.
    Marcondes Neto.

    ResponderExcluir